
A geração e o descarte incorreto dos resíduos sólidos representam um dos maiores problemas ambientais da atualidade. Uma caminhada num parque ou numa rua é suficiente para observar inúmeros materiais jogados no espaço público. Imagens proliferam nas redes sociais ou nas notícias divulgadas pelos veículos de imprensa dos danos sofridos pelos animais com seu habitat sendo invadido por lixo, principalmente plástico. Canudo sendo retirado de dentro da narina de uma tartaruga, albatroz morto com estômago repleto de detritos, foca emaranhada em rede de pesca, são exemplos de uma triste, e cada vez mais freqüente, realidade.

A produção de lixo apresentou um aumentou de cerca de 30% nos últimos dez anos, enquanto a população brasileira foi pouco maior que 10% no mesmo período. A média de geração de resíduos sólidos no país está na faixa de 1,2 quilos por habitante dia ou 36 quilos por mês. Desse total, cerca de 51% é constituído de matéria orgânica, como restos e sobras de alimentos, e 32% são os chamados resíduos recicláveis, basicamente papel e papelão, plásticos diversos, metais e vidro. O restante é composto por outros resíduos, chamados de rejeitos.
A problemática do lixo ganha destaque no cenário mundial com um movimento que busca fazer com que as pessoas repensem seus hábitos e procurem evitar a geração de resíduos sólidos. Mas, caso isso não seja possível, que se evite o encaminhamento para aterros e incineradores, enviando os materiais para que sejam reciclados e ingressem novamente no ciclo de vida com um novo redesenho.

Segundo levantamento da ONU, são descartados, no mundo, mais de 40 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos por ano. Estes equipamentos possuem substâncias químicas, como chumbo, cádmio, mercúrio e berílio em suas composições, que provocam contaminação do solo e da água.
Os esgotos de diversas cidades no mundo também enfrentam um diagnóstico complicado. Bolas de gordura estão entupindo galerias do local. Um dos casos mais famosos deste cenário chegou a ser exibido no Museu de Londres e foi chamado de "iceberg de gordura".
A onda plástica
Mas, a dimensão maior do problema está na proliferação de plástico em nível mundial. O material modificou substancialmente a nossa vida, tornando mais fácil a exploração do espaço e revolucionando a medicina; possibilitando criar carros e aviões mais leves, que poupam combustível e reduzem a poluição; as películas aderentes estendem a vida útil dos alimentos frescos. O plástico salva vidas com os airbags, incubadoras, capacetes ou levando água potável limpa para os mais podres.
Infelizmente, há também um lado negativo, a proliferação de plástico supera em muito a capacidade dos sistemas de processamento dos resíduos. Em termos globais, menos de um quinto de todo o plástico é reaproveitado. No Brasil, o índice de reciclagem não passa de 20%.
Muito desse material acaba nos oceanos. Uma sacola plástica foi encontrada na Fossa das Marianas, ponto mais profundo do mar, localizada em um ponto remoto do Oceano Pacífico, a uma profundidade de 10 quilômetros.

Há alguns anos, os cientistas estavam intrigados com o fato de estarem encontrando menos plástico nos oceanos do que o esperado. A produção mundial havia crescido de forma exponencial - de 2,1 milhões de toneladas, em 1950, passou para 147 milhões, em 1993, e a 407 milhões de toneladas, em 2015 -, mas a quantidade de plástico boiando nos mares e lançada às praias, por mais alarmante que fosse, não parecia estar aumentando com a mesma rapidez. Descobriram que uma proporção do material plástico parecia ausente porque foi reduzida a pedaços tão pequenos que mal conseguimos enxergá-los.
Em 2004, o ecologista marinho inglês Richard Thompson cunhou o termo "microplástico" para essas partículas ínfimas, prevendo que elas tinham potencial para uma acumulação em grande escala nos oceanos. Estes pequenos pedaços são consumidos pelos animais marinhos. Estudos já mostraram que algumas ostras e mexilhões possuíam traços de plástico dentro deles.
Há um problema e tem solução
Apesar da dimensão do problema, há solução. As pessoas precisam assumir sua responsabilidade no descarte correto quando geram um resíduo. A reciclagem traz diversos benefícios, como evitar a extração de novas matérias-primas, economizar energia e água para a produção do produto a partir de novos insumos, reduzir custos de disposição final em aterro sanitário, além de gerar trabalho e renda para micro e pequenas empresas e cooperativas de catadores.
O encaminhamento correto dos resíduos envolve a separação dos diversos materiais por tipo de resíduos sólidos. Os cuidados na segregação e armazenamento desses materiais resultam num maior aproveitamento dos materiais, já que resíduos contaminados quando são misturados aos passíveis de reciclagem pode encaminhar tudo para o aterro.
A SJRS está assumindo o seu papel como uma instituição preocupada com o desenvolvimento sustentável para o futuro das novas gerações. Diversas ações, originadas dentro do Programa Futuridade, já estão sendo implementadas. O novo passo é instituir a coleta detalhada de resíduos sólidos na instituição, iniciando pela capital, mas já com adesão de algumas subseções.
O efetivo sucesso desta iniciativa depende do envolvimento de magistrados, servidores, estagiários e colaboradores em modificar comportamentos em prol do bem coletivo. Os funcionários terceirizados já começaram, nesta semana (21 e 22/8), a receber treinamento sobre a nova sistemática do descarte de resíduos sólidos, que envolve a utilização de residuários específicos para cada material e celebração de convênios com as entidades que vão receber os materiais.
Repense seus hábitos e abrace esta causa para que as imagens abaixo façam parte da vida de nossas crianças - não somente em fotos e museus.
Fontes: National Geographic Brasil, Curso Empresa Lixo Zero













