TRF4 | Mês da Mulher

Sarau aborda violência contra a mulher em obras literárias e musicais

17/03/2025 - 17h54
Atualizada em 17/03/2025 - 20h13
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“Ainda hoje a pergunta que envolve o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Mas isso é o que menos importa, na medida em que todo enredo diz respeito ao ciúme masculino”, analisou a desembargadora Márcia Kern, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), ao apresentar o Sarau Literário “Capitu e outras mulheres”, de sua autoria.

A obra foi apresentada em formato online para toda a 4ª Região da Justiça Federal nesta segunda-feira (17/3) à tarde, fazendo parte da programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

Apresentar o Sarau foi uma iniciativa da Ouvidoria da Mulher do TRF4, coordenada pela desembargadora Ana Cristina Ferro Blasi. “Nesta segunda-feira, fazemos uma pausa para alimentarmos a alma e o espírito”, declarou Blasi.

A magistrada pontuou que a promoção do evento pela Ouvidoria é uma forma de enfatizar a preocupação da 4ª Região com o combate à violência contra a mulher. “Embora não seja de nossa competência, tangenciamos o tema e estamos empenhados em fazer a nossa parte para construir um futuro melhor para nossas mulheres e meninas”, ressaltou Blasi.

A desembargadora Kern, que já esteve à frente da Vara de Violência Doméstica e Familiar de Porto Alegre, é mestre em literatura brasileira e sua tese versou sobre a obra Dom Casmurro. Ela criou o Sarau como uma forma de tratar do tema e convidou artistas para a ajudarem a realizar.

“Trouxemos personagens femininos que sofrem abusos em obras famosas da literatura, fazendo leituras dramáticas entremeadas de música”, explicou Kern. A interpretação de trechos foi feita pela atriz Lorena Sanchez Aparício, e as músicas tocadas ao violão e cantadas pela cantora Stephanie Soeiro.

Obras literárias

Além de Dom Casmurro, Aparício interpretou trechos dos livros Otello, de Willian Shakespeare; A Sonata Kreutzer, de Liev Tolstói; e São Bernardo, de Graciliano Ramos. As músicas executadas foram “Maria da Vila Matilde”, de Douglas Germano; “Triste, louca ou má", de Francisco El Hombre; e uma canção de autoria de Soeiro.

Entre as leituras e as músicas, a desembargadora Kern fala sobre os livros e o tema, observando que o Brasil carregava uma estrutura legislativa misógena, o que pode se ver nas “Ordenações Filipinas”, que vigoraram durante séculos no país e autorizavam o marido a matar a esposa que manchasse sua honra.

“Devemos frisar que apenas em 2023 a tese da legítima defesa da honra foi levantada”, lembrou Kern, enfatizando que a questão do feminicídio só começa a ser realmente levantada no Brasil na década de 70, com o assassinato de Ângela Diniz por Doca Street.

Ao finalizar o sarau, a desembargadora Kern indicou como forma de aprofundar-se no tema os livros: Lei Maria da Penha na prática, de Adriana Ramos de Mello e Lívia de Meira Lima Paiva; a biografia Elza, de Zeca Camargo; e Mulheres empilhadas, de Patrícia Melo; e o podcast Praia dos Ossos, da Rádio Novelo.

ACS/TRF4 (acs@trf4.jus.br)


Foto do rosto da desembargadora Kern
Desembargadora Márcia Kern
Foto do rosto da desembargadora KernFoto do rosto da desembargadora BlasiFoto do rosto de LorenaImagem da cintura para cima de Stephanie segurando um violão e cantandoFoto do rosto da juíza Marciane