TRF4 | Inspeção 2019

Palestra de Clóvis de Barros Filho aborda o valor do autoconhecimento, do trabalho e do compartilhamento

21/05/2019 - 19h15
Atualizada em 21/05/2019 - 19h15
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Buscando refletir sobre a importância do trabalho na realização pessoal e o papel social de magistrados e servidores, a Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região deu continuidade hoje (21/5) à programação da Semana de Inspeção 2019 com a palestra “Viver é mudar, reconstruir, reinventar”, do professor Clóvis de Barros Filho, autor de mais de 15 livros abordando temas como ética, valores, comprometimento, confiança e alegria de viver entre outros.

A atividade foi aberta pelo corregedor da Justiça Federal da 4ª Região, desembargador Ricardo Teixeira do Valle Pereira. Ao apresentar Barros para uma plateia lotada, o magistrado ressaltou que mais de 90 pontos remotos transmitiam a palestra por meio de videoconferência, nas seções judiciárias do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. “A inspeção não é apenas uma aferição da produção das unidades, mas uma oportunidade de refletirmos sobre nossas condições de trabalho e realização profissional. Em 2018, todas as metas foram cumpridas, queremos que esta semana também seja de comemoração e reconhecimento”, declarou Valle Pereira.

Barros Filho lançou um olhar sobre a inconstância da vida, a tirania da novidade e a importância da lucidez nesse contexto. Ele pontuou que cada segundo que se vive é inédito, porém não precisa significar uma ruptura. “Nem toda a inovação é boa. Não temos que nos curvar a essa idéia, que serve muito à sociedade de consumo”, advertiu.

Como exemplo, o palestrante usou as relações interpessoais. “Não é sem razão que as relações têm como princípio de conduta a fidelidade. É na repetição de valores morais, no respeito ao passado e aos próprios pactos que deduzimos o quanto podemos investir nas relações. Muitas vezes a inovação e a ruptura podem traduzir-se em traição”, analisou o professor.

Entretanto, o professor ponderou que a inovação pode ser positiva se encarada como a vida que se apresenta nova a cada instante. “É obvio que a inovação é um imperativo. Cada instante da nossa existência é inédito porque é vivido por um corpo e uma alma, nenhum segundo se repete”.

Valor da vida

Onde está o valor da vida, questionou o professor, fazendo uma provocação sobre a ideia atual de que viver é estar em constante busca de renda e status. Para responder a essa pergunta, Barros Filho serviu-se de grandes filósofos humanistas como Epíteto, Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus, Spinoza e Kant.

Com Epíteto, o professor pontuou que a energia de vida do indivíduo deve ser canalizada para as coisas que dependem dele. “Focar em situações sobre as quais não temos controle causa a ineficácia, o fracasso. É preciso investir a competência na parte da vida que depende de nós”, disse Barros Filho.

Para o professor, o valor da vida está no conceito aristotélico de “eudaimonia”, que é a felicidade resultante de uma vida ativa e significativa, voltada para o desenvolvimento das próprias potências e para a busca da excelência instante a instante. “Viver o instante é cobrar dele um sentido”, afirmou.

E como é possível saber onde está a própria potência, a vocação, a habilidade? Por meio do autoconhecimento, respondeu Barros Filho, “estudando o que resulta em alegrias e o que resulta em tristezas nos encontros com o mundo. Apenas assim, olhando para as próprias emoções, poderemos achar o nosso lugar natural, a nossa missão na vida”, enfatizou.

Então o professor chegou a Jesus de Nazaré e acrescentou que o desenvolvimento de uma vocação só tem sentido se oferecido ao outro. “Jesus substituiu acumulação por fluxo, entrega, doação. A felicidade completa-se ao percebermos que podemos ser motivo de felicidade para outros, quando se sai do egoísmo e oferece-se o melhor de nós, quando se transcende a mesquinharia”, refletiu.

“A vida só se torna plena quando descobrimos nossos dons e os dividimos com os outros. A felicidade é um atributo não de existências isoladas, mas da vida convivida, da vida com os outros”, sublinhou o palestrante.

Trabalho e realização

Barros Filho ressaltou que o trabalho é parte fundamental da vida e é nele que devemos buscar o sentido e a dignificação desta, não podendo ser encarado como um pedágio que se paga para ser feliz. Segundo ele, a expressão “happy hour”, que compreende a idéia de que a hora feliz é quando saímos do trabalho, leva à crença de que felicidade e trabalho não se misturam.

“É pelo trabalho que podemos encontrar a nossa essência e buscar uma vida desafiadora, colorida e feliz”, defendeu Barros Filho. Para o professor, é no labor diário que se desenvolve as próprias potencialidades e se constrói uma vida feliz”, concluiu o palestrante.

Assista neste link a reportagem produzida pela equipe de Comunicação Social do TRF4, que acompanhou a palestra, conversou com o professor e cientista político, com o corregedor-regional da Justiça Federal da 4ª Região e ouviu a opinião dos servidores sobre a importância da reflexão para o dia a dia no Judiciário. 

Para acessar mais fotos em alta definição, clique AQUI.


Professor Clóvis de Barros Filho