JFSC e UFSC promovem palestra sobre enfrentamento ao racismo institucional
Atualizada em 27/11/2024 - 18h10
Como parte das ações relativas ao Mês da Consciência Negra, a Justiça Federal em Santa Catarina (JFSC) e a UFSC promoveram hoje (27/11) à tarde a palestra online “O enfrentamento ao racismo institucional como via de segurança psicológica”, ministrada pela professora da UFBA e escritora Bárbara Carine Soares Pinheiro, autora, entre outras obras, do livro “Como ser um educador antirracista”, vencedor do Prêmio Jabuti de 2024.
“O objetivo da palestra [foi] apresentar a ideia de racismo institucional dentro da perspectiva social de raça, apontando caminhos de superação por meio da educação antirracista em todos os complexos sociais e pautando a importância da segurança psicológica das maiorias minorizadas, sobretudo a comunidade negra, nas diversas instituições sociais”, conforme texto de divulgação da atividade para o público da JFSC.
A palestra, transmitida via Zoom e YouTube, foi coordenada pelo diretor do Foro da JFSC, juiz Henrique Luiz Hartmann, que, durante a abertura, lembrou o alinhamento da Seção Judiciária com os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da ONU e os macrodesafios estratégicos do Poder Judiciário. Hartmann apresentou números referentes à 4ª Região da Justiça Federal, que tem apenas 448 pessoas autodeclaradas pretas ou pardas entre 5.641 magistrados e servidores, correspondendo a menos de 8%. “Só teremos equidade racial quando tivermos número equitativo de pessoas [pretas e pardas] em espaços de poder, definindo políticas públicas”, afirmou.
Bárbara Carine iniciou a palestra dizendo que não só o Judiciário, mas os espaços de poder são monorraciais, “dominados por pessoas brancas em virtude de um conceito, que é o de branquitude”. Ela explicou que, no Brasil, o racismo é estruturado pela aparência – e não pela ascendência, então “a sociedade te lê a partir dessa estética”. Como exemplo, ela citou os livros didáticos, em que “toda anatomia é estudada em um corpo branco”, a população branca é protagonista e, a negra, “folclorizada”.
Para a professora, “a segurança psicológica é pensada para as pessoas brancas, que são colocadas num lugar de universalidade”. Bárbara, é necessário criar condições objetivas e subjetivas de acesso e permanência das pessoas negras aos espaços, onde elas não sejam, porém, somente “chanceladoras de projetos brancocentrados”.
A palestra teve a participação da pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFSC, Leslie Sedrez Chávez, que relatou as iniciativas da universidade para inclusão da população preta e indígena nos concursos públicos, da presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e do Assédio Sexual na JFSC, juíza Gabriela Pietsch Serafin, que comentou a edição recente, pelo CNJ, do Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial. Segundo Gabriela, o protocolo orienta os juízes a se perguntarem se “a pessoa estaria passando por aquela situação se não fosse negra”.
A palestra, que teve 193 acessos pelo Zoom e 33 pelo YouTube, foi considerada aula do curso de “Educação Antirracista: Letramento Racial para Servidores”, oferecido pelo UFSC com 15 vagas para a JFSC.