TRF4 promove palestra com médico psiquiatra sobre prevenção ao suicídio
Atualizada em 16/09/2025 - 19h34
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) realizou, na tarde de hoje (16/9), a palestra “É difícil, mas precisamos falar sobre suicídio”, ministrada pelo médico psiquiatra Maurício Kunz. A atividade integra as ações institucionais programadas para a campanha do Setembro Amarelo no TRF4. O Setembro Amarelo é iniciativa alusiva à prevenção ao suicídio, que visa quebrar tabus e reduzir estigmas sobre a saúde mental, além de estimular que as pessoas busquem e ofereçam ajuda para questões que envolvam o sofrimento emocional.
A palestra aconteceu no auditório da sede do TRF4, em Porto Alegre, e foi aberta aos magistrados, servidores, estagiários e trabalhadores terceirizados da corte. O evento também foi transmitido online pela plataforma Zoom para toda a Justiça Federal da 4ª Região. A palestra foi promovida pela Divisão de Saúde da Diretoria de Recursos Humanos (DRH) do tribunal.
A abertura da atividade foi realizada pela diretora da Divisão de Saúde, servidora Tatiana Names. “O tema do suicídio é difícil de conversar, mas é muito necessário e importante abordarmos essa temática, pois a saúde mental se tornou uma preocupação crescente nas instituições; principalmente desde a pandemia de Covid-19 para cá, nós observamos o aumento do adoecimento mental e emocional”, disse Tatiana.
“É fundamental que a gente lance luz nesse tema, não apenas para falar de prevenção, mas também desmistificar os preconceitos que dificultam o enfrentamento das questões que envolvem a saúde mental e as situações limites e extremas que podem levar ao suicídio”, acrescentou a diretora da Divisão de Saúde.
O médico psiquiatra Maurício Kunz, na sequência, iniciou a sua fala. Kunz é servidor público do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), sendo o chefe do Serviço de Psiquiatria da instituição. Ele também é professor do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).
O palestrante destacou que, na atualidade, “tem se notado cada vez mais o crescimento dos problemas de saúde mental e isso nos mostra a forma como a saúde mental é crucial para o funcionamento da saúde do ser humano como um todo”.
Apresentando dados sobre as taxas de suicídio por idade no Brasil no período entre os anos de 2000 e 2019, o médico ressaltou que “temos visto um aumento crescente das taxas nos últimos anos, além de uma exposição social cada vez maior a esse tipo de comportamento”.
Kunz pontuou que o modelo teórico que analisa o que leva uma pessoa a uma tentativa de suicídio envolve “o contexto em que há uma mente em dor e desesperança podendo gerar uma ideação suicida, assim se a dor excede o senso de conectividade dessa pessoa com outras pessoas ou com a sociedade, a ideação suicida se torna mais forte e, se há a capacidade da pessoa para a tentativa de suicídio, com fatores de risco que predispõem alguém a um comportamento suicida, essa tentativa pode ser levada a cabo”.
O médico ainda abordou uma série de mitos e ideias que são comumente associadas de forma equivocada ao suicídio, dando exemplos de expressões como “quem quer mesmo se matar não avisa”, “quem se autolesiona quer chamar atenção”, “falar sobre suicídio pode dar a ideia” e “o suicídio não pode ser prevenido”, que devem ser combatidas e desmistificadas pois não correspondem a realidade dos comportamentos suicidas.
O palestrante explicou que existem atitudes que podem adotadas pelas pessoas para ajudar na prevenção de suicídio de alguém que pode estar em sofrimento mental. “É importante estar atento a sinais verbais e não verbais, como o discurso carregado de afetos negativos ou o desleixo do indivíduo para consigo mesmo; observar mudanças comportamentais e alterações de funcionamento usual; manter uma comunicação aberta, fazendo perguntas e estando disponível a ouvir; considerar eventos estressantes, cada indivíduo tem uma história de vida, não subestime eventos ambientais e considere sempre o contexto; conheça os recursos disponíveis, paute-se me informações científicas e serviços confiáveis para indicar caminhos possíveis de tratamento e suporte”, ele enumerou.
Maurício Kunz também apresentou um panorama de uma abordagem abrangente que a sociedade e as instituições públicas de forma geral devem adotar para a prevenção ao suicídio. “Precisamos de ações integradas que promovam a conexão social, melhoram as habilidades sociais, identifiquem pessoas em risco, promovam o aumento da busca por ajuda profissional e do acesso a serviços de saúde mental, restrinjam o acesso a meio letais para a vida e estabeleçam o manejo de crise suicida e procedimentos de pósvenção do suicídio”, resumiu o psiquiatra.
ACS/TRF4 (acs@trf4.jus.br)
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