Territórios negros de Porto Alegre são destaque em palestra
Atualizada em 13/11/2025 - 16h13
Nesta quarta-feira (12/11), a professora municipal e mestre em Geografia Daniele Machado Vieira esteve presente no auditório da Justiça Federal, na capital gaúcha, com a palestra “Territórios Negros em Porto/RS: geografia histórica da presença negra no espaço urbano (1800-1970)”. A capacitação faz parte da programação do mês da Consciência Negra na instituição e foi transmitida ao vivo para as sedes do interior.
A abertura do evento contou a fala do diretor do Foro em exercício da Justiça Federal do RS, juiz Paulo Paim da Silva, que recepcionou os presentes, destacando que as questões envolvendo a temática racial fazem parte da política do Poder Judiciário. Já a mediação da palestra ficou a cargo do juiz Patrick Lucca Da Ros, integrante da Comissão de Gestão da Memória, que organizou a programação da Consciência Negra na instituição juntamente com o Grupo de Trabalho para Ações em Direitos Humanos, Equidade de Gênero, Raça e Diversidades em parceria com o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo.
Territórios Negros
Na sua fala, Vieira abordou as mudanças geográficas da capital gaúcha, e como a presença negra foi invisibilizada pela narrativa histórica contada pelos colonizadores e descendentes de europeus. Com mapas e documentos históricos, a professora apresentou a ocupação inicial de áreas centrais da cidade pela população negra do século XVIII e XIX, assim como a subsequente exclusão social e geográfica, com a modernização da área central pela elite gaúcha, que deslocou os moradores para áreas cada vez mais periféricas.
A palestra da geógrafa convidou os ouvintes a reconhecer as marcas espaciais deixadas em Porto Alegre pelos moradores negros da cidade na sua formação. Monumentos históricos, representações artísticas, locais e personalidades foram utilizadas de exemplo. Vieira fez referência ao Museu do Percurso Negro, elaborado para evocar a memória e o protagonismo social dos africanos e descendentes no Centro Histórico.
Entre os locais do Percurso estão o Cais do Porto e antigos Ancoradouros; o Largo da Quitanda (Praça da Alfândega); o Pelourinho (Igreja das Dores); o Largo da Forca (Praça Brigadeiro Sampaio); a Esquina do Zaire (Av. Borges de Medeiros com Rua da Praia); a Igreja da Nossa Senhora do Rosário; o Mercado Público; a Santa Casa de Misericórdia; a Colônia África e o Areal da Baronesa.
A visibilidade de personalidades como de Felipe Baptista da Silva, um dos redatores do jornal referência de imprensa negra O Exemplo; e da Iyalorixá Mãe Rita, fundadora do mais antigo batuque da cidade ainda no início do século XIX, possibilita o registro da população negra gaúcha positivada, longe apenas da marginalização e da escravização. Segundo a palestrante, entender o processo de formação da cidade possibilita a popularização dos territórios negros como espaços de visibilidade, orgulho e protagonismos.
Nucom/JFRS (secos@jfrs.jus.br)
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