Evento com o escritor José Falero aborda a literatura como ferramenta de transformação social
Atualizada em 22/10/2025 - 19h44
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) realizou na tarde de hoje (22/10) o evento “Papo com Falero”, que promoveu um encontro presencial de magistrados, servidores, estagiários e trabalhadores terceirizados da corte com o escritor porto-alegrense José Falero. O evento proporcionou uma conversa com o autor sobre as relações de gênero, violência e interseccionalidades (raça, classe social e gênero), destacando a literatura como ferramenta de transformação social e exercício de humanidade. A atividade aconteceu no Auditório do TRF4, em Porto Alegre.
O encontro foi promovido pela Diretoria de Recursos Humanos (DRH) e a Divisão de Gestão de Pessoas (DGEP) do tribunal e integra as ações institucionais da “Semana dos Servidores” no TRF4, iniciativa que comemora o Dia do Servidor Público, data celebrada nacionalmente em 28 de outubro. Com o slogan “Todos em cada um”, a Semana destaca a importância do papel individual e coletivo de todos os integrantes do tribunal envolvidos na missão institucional da organização.
“O debate sobre esses temas contemporâneos se mostra importante, não apenas porque a sociedade, em suas inúmeras complexidades e diversidades, é a destinatária e razão de ser de nossa existência enquanto serviço público, mas também porque oportunizar o debate e a reflexão sobre esses temas nos permite crescer e nos desenvolvermos enquanto indivíduos, reconhecendo que a transformação social também se faz a partir de dentro das instituições”, disse o diretor-geral do TRF4, Zenone Szydloski, na abertura do evento.
O diretor da DRH, Carlos Alberto Colombo, agradeceu a todos que trabalharam para viabilizar o evento e a Semana dos Servidores. “É importante lembrar que, para o funcionamento desse tribunal, existe um trabalho individual e coletivo que muitas vezes é invisível e que é feito por muitas pessoas, que sustentam essa instituição; então na Semana dos Servidores, adotando um conceito ampliado de servidor, incluindo os estagiários e trabalhadores terceirizados também, fica a nossa homenagem para todos que ajudam a impulsionar o serviço público”, pontuou Colombo.
O evento foi mediado pela servidora do TRF4 Tatiana Souza, que é integrante do Grupo de Trabalho para Ações em Direitos Humanos, Equidade de Gênero, Raça e Diversidades (GTDH) da 4ª Região. Ela ressaltou a importância de ouvir um escritor que vem da periferia contar as suas experiências e vivências, apontando que José Falero “é uma voz ativa desse lugar da periferia de Porto Alegre e que vive esse cotidiano, o que é fundamental em uma sociedade como a brasileira, em que a literatura ainda ocupa um espaço elitizado e os retratos dessa realidade costumam ser de observadores”.
José Falero é o premiado escritor das obras “Vila Sapo” (contos, 2019), “Os Supridores” (romance, 2020), “Mas em que mundo tu vive?” (crônicas, 2023 – leitura obrigatória no vestibular da UFRGS 2025), “Vera” (romance, 2024), entre outras.
Em sua manifestação, Falero destacou que quando o autor “conhece o lugar e a experiência social dos personagens das suas obras e tem essa vivência é muito importante de forma representativa, para que as pessoas da periferia também se percebam como importantes, como valorosas, como dignas de ter as suas histórias registradas em livros, contos e crônicas, especialmente em uma literatura excludente como é a brasileira”.
Dessa forma, o autor avaliou que “a literatura é uma ferramenta que possibilita que a gente perceba que temos vários ‘mundos’ coexistindo no mesmo mundo, certamente o mundo em que as mulheres vivem não é o mesmo mundo em que os homens vivem, é um outro paradigma de experiência social, uma vida diferente”, acrescentando que esse olhar para outras realidades por meio da literatura também se estende para recortes de classe, raça, orientação sexual, por exemplo.
O escritor também ressaltou que considera que a literatura “tem o potencial de tornar o mundo mais diverso; de promover uma transformação social de tal ordem que passe a legitimar demandas que sempre foram deixadas de lado e que construa, enfim, uma sociedade mais diversa, mas para isso a gente precisa de uma literatura que já seja diversa e não excludente, que seja feita pelas pessoas dessa diversidade”.
Para Falero, as mudanças sociais pelas quais o Brasil vem passando nos últimos anos, em grande parte devido às políticas públicas e às ações afirmativas, causaram impacto no panorama da literatura. “Hoje nós vemos uma série de autores negros, uma série de autorias de mulheres, uma série de livros escritos por pessoas LGBTQIA+, toda uma gama de pessoas que historicamente estavam excluídas da literatura, e que agora estão presentes e promovem mudanças positivas no debate público”, ele apontou.
ACS/TRF4 (acs@trf4.jus.br)
notícias relacionadas
-
TRF4TRF4 | Aula MagnaValongo e a memória da escravização: evento reforça papel da Justiça Federal na reparação histórica15/10/2025 - 19:07
-
JFRSJFRS | TJRSJustiça Federal participa de inauguração de Central de Atendimento ao Público desenvolvida em parceria com Tribunais sediados no Estado10/10/2025 - 14:47
notícias recentes
-
JFRSJFRS | Ação PenalSeis homens são condenados por integrarem organização criminosa voltada ao descaminho de bebidas22/10/2025 - 18:17
-
JFPRJFPR | ReconhecimentoCNJ integra Projeto Aproxima ao Manual de Boas Práticas em Ações Coletivas22/10/2025 - 17:45
-
JFRSJFRS | Memória institucionalReunião entre Direção do Foro e professoras da UFRGS discutem parceria entre as instituições22/10/2025 - 15:52